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Preview: Stanley Cup – Capitals x Golden Kinights

Major Sports Blog

stanleycup

                Chegamos ao momento mais esperado da temporada, depois de uma longa e tenebrosa temporada regular de algumas surpresas e decepções, com playoffs de superações, chegamos ao cume da escalada, a grande disputa pela Stanley Cup.

                Começando com surpresas como o Colorado Avalanche que depois da saída do Duchene, mudou completamente e conseguiu se classificar para os playoffs, passando pelo Devils que vem passando por uma reconstrução, porém as peças se encaixaram e conseguiram chegar na pós-temporada e ao mesmo tempo observam-se grandes decepções como é o caso do Senators, que mesmo com a adição do Duchene, que era uma peça no qual a franquia necessitava, não conseguiu atingir seu objetivo e ficou de fora dos playoffs, assim como o Oilers que obteve uma campanha desastrosa mesmo com o McDavid sendo o líder de pontos da liga, Blues nem conta mais como decepção, apenas o Clubistaacredita neste…

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Top 100 álbuns de Black Metal de todos os tempos

Fiz um playlist no Spotify com os 100 melhores álbuns de Black Metal de todos os tempos segundo a revista Decibel, na verdade coloquei 78 álbuns na playlist já que 22 álbuns não estão disponíveis no Spotify, farei upload desses álbuns em breve para a lista ficar completa, também publicarei aqui resenhas, matérias e entrevistas com as bandas que fazem parte dessa lista.

Segue o link do playlist:

Abraços…

Satanismo, Música, Liberdade: verdades filosóficas, teatro visual

Por Ronaldo Celoto

O mundo é povoado por religiões, filosofias e movimentos diferentes. Vivemos dia após dia a buscar as respostas para toda e qualquer forma de paz espiritual, emocional, profissional, e, acima de tudo, saúde física. Muitas pessoas, ao contrário, só se satisfazem se tiverem saúde material, ou seja, bens pessoais. Há inclusive, seitas a difundirem este seguimento, e, extorquirem seus fiéis, tirando-lhes a intenção de buscar o aprimoramento da alma e a solidariedade para com o próximo, e, induzindo-lhe, cada vez mais, a pregar a filosofia da riqueza como forma de aproximação de toda e qualquer divindade que possa ser concebida dentro de cada ser humano.

Mas, a intenção desta matéria não é criticar religiões. É, sim, falar sobre o Satanismo enquanto filosofia, e, traçar um pouco de informações acerca de suas principais vertentes, e, dos seguimentos musicais que se autodenominam “satanistas”, mas que podem, na verdade, estar embebidos por um “mainstream”, um marketing que não condiz com os próprios depoimentos proferidos por seus músicos.

Em primeiro lugar, para podermos adentrar neste universo, será preciso separar o Satanismo enquanto filosofia e o Satanismo teatral.

Sendo assim, quero aqui demonstrar que existe uma concepção equivocada, principalmente sob a ótica dos seguidores de algumas bandas e da temática em si, quanto ao tema Satanismo. E, democraticamente, tentarei oferecer uma humilde abordagem a respeito destas disparidades, utilizando como pano de fundo alguns grupos musicais que hoje se encontram entre os principais expoentes ‘satânicos’.

I – O Satanismo e a Liberdade do Bem Individual

Normalmente, existem códigos de ética e moral concebidos a algum seguimento específico, especialmente quando ele se difunde de maneira filosófica e atinge os corações e mentes de muitos seguidores. No satanismo tradicional (ou teísta), evidentemente, qualquer código de ética parecerá estranho para os que costumam seguir associações trazidas pela igreja acerca do “bem versus o mal”. O Cristianismo, o Hinduísmo, o Budismo, o Judaísmo, o Taoísmo e o Islamismo, que são religiões antigas e estão entre as maiores do planeta hoje, costumam estar semeados dentro de um absolutismo moral. Ou seja, existe uma pré-definição do que é correto ou não para ser feito. Ao final, estas religiões diferem nas concepções acerca dos limites entre o que vem a ser correto ou não de ser praticado.

Pois bem. Apenas para citar alguns exemplos, fiquemos entre o Cristianismo e o Budismo. O Cristianismo traz de imediato as conseqüências do não cumprimento de certas regras: queimar no fogo eterno, ter a alma torturada para sempre no inferno, etc, etc. Evidentemente que, muito mais do que isto, o Cristianismo também prega o amor ao próximo, muito mais do que o amor a si próprio. O amor solidário, o amor fraterno, o amor entre irmãos, o não julgamento, a não crítica, e, sim, a acepção de que todos nós temos defeitos e devemos sempre construir nossa vida a partir de nossas qualidades, e, tentar ajudar aos demais. Com ações espiritualistas, ele acabou por ser deturpado pela humanidade, pela igreja, e, evidentemente, por seus líderes que existiram durante séculos e séculos, que focaram a crença mais na temência ao pecado do que na exaltação das virtudes de cada um. No Cristianismo, também existe a prática de rituais em louvor ao “Rei JESUS”, como é chamado.

O Budismo dá liberdade de escolha a todos, mas espera que esta escolha seja de certa forma, pelo bem, baseada nas metáforas e nos princípios da filosofia oriental e da purificação da alma através da convivência harmoniosa com o cosmo e os seus semelhantes. No Budismo também há rituais específicos em louvor ao BUDA, o guia espiritual de acordo com a concepção de seus seguidores.

No Satanismo isto não é diferente. Só que a moralidade satânica consiste em você escolher o que é melhor para si próprio. É uma moralidade fundada no EU e na sua independência. Daí já se percebe que o ato de xingamento, queimar bíblias, atear fogo em igrejas, surrar ou sodomizar cristãos, blasfemar contra Cristo, não é ser satanista. Isto é ser anti-Cristo.

A Igreja Católica foi extremamente inteligente nesse sentido, e, durante muitos séculos, divulgou a imagem de Lúcifer como sendo “o anjo caído, o abandonado, o maldito, o que prejudica a todos, o grande karma negro que envolve o mundo”. Não é uma novidade, visto que nas religiões mais antigas ainda, a maioria das pessoas associava tragédias de estiagem, tempestades, morte dos filhos e entes familiares, a algum Deus punidor. Imagine você, se, hoje, todos nós associássemos o fim da camada de ozônio a Satã. Seria muito fácil, não? Eximir a humanidade de toda e qualquer culpa e atirar esta culpa a alguém em específico.

Os Evangélicos, em muitos momentos, acabam por exasperar ainda mais esta temência. Deixando de lado o trabalho social de todas as religiões (que não é a intenção deste texto), é plenamente factível que a maioria das religiões cristãs protestantes esteja a utilizar certo aumento dogmático entre a verdade bíblica e toda e qualquer outra verdade que não tenha sido escrita pela bíblia. Isto é algo perigoso, e, arriscado. Há alguns pastores, evidentemente, ligados a religiões protestantes voltadas ao puro enriquecimento, que costumam associar qualquer pessoa que questione seus ensinamentos a estarem “possuídos por 47 pombas-giras”, entre outros absurdos, e, obrigam estas pessoas a venderem suas casas, a comprarem seu lugar na “fogueira santa” ou a se transformarem em empregados de suas igrejas, batendo de porta em porta, oferecendo a “salvação”. Em um destes abomináveis momentos, tive o desprazer de assistir em uma rede televisiva um pastor adentrar com um carro importado no valor de 500 mil reais, e, pedir que os fiéis tocassem o veículo, pois seriam abençoados com a riqueza.

Enfim, voltando ao tema em questão, vamos falar um pouco sobre os satanismos mais conhecidos.

II – O Satanismo e Seus Arquétipos

De acordo com o pouco que pude ler a respeito em alguns momentos, o Satanismo é comumente dividido entre três arquétipos: Tradicional, LaVey e Deísta.

Satanismo Tradicional: Também conhecido como Satanismo Teísta. Por ele, Satanás é uma figura espiritual que deve ser reverenciada e adorada. Há rituais de adoração perfeitamente estabelecidos e escalonados. Nenhum satanista teísta é ateu, a exemplo do que ocorre com os católicos, evangélicos, que, de certa forma, abominam e, ao mesmo tempo, reconhecem a existência desta entidade teísta. Não poderia ser diferente, pois a Igreja, de certa maneira, os forçou a reconhecer tal existência.

Satanismo LaVey: Conhecido como Satanismo Moderno. Muito apreciado por alguns músicos do gênero Black Metal, surge como uma filosofia com requintes humanistas, opondo-se ao Cristianismo. Normalmente, os seus ensinamentos são baseados no homem individual, tendo em Satanás apenas um símbolo da natureza inerente do homem, ao poder que é decorrente do instinto, da livre escolha. Dentro desta individualidade do homem, evidentemente, nasce o hedonismo e um tipo de moral concebida ao estilo “olho por olho, dente por dente”. É uma associação um tanto primitiva em termos de julgamento, mas não é teísta. Um dos grupos mais conhecidos entre os LaVey é o ONA (Order of Nine Angels), que entende que o conhecimento deste tipo de satanismo pode ser desenvolvido de forma essencialmente prática, ou seja (em suas próprias palavras: “envolvem o indivíduo em experiências que desenvolvam o caráter, que são formativas para o mundo real, em vez de alguma experiência em rituais pseudo-místicos, pseudo-intelectuais ou sentado aos pés de alguma pretensioso mestre”.

Alguém aí se lembra da cena do filme MATRIX sobre a escolha das pílulas? Imagine-se, mais ou menos, nesta situação em relação à liberdade de escolha e de oposição ao comumente pragado pela sociedade, ou seja, o Cristianismo, o que poderia ser interpretado como fugir a dogmas e alienações que aprisionam ao ser humano.

Satanismo Deísta: Para os seus seguidores, Satanás está em todas as coisas, na natureza, no tempo, na evolução do homem e nas transformações do mundo. É uma visão muito similar a dos que acreditam em Deus como tendo esta representação. O que muda aqui é apenas o nome (e alguns outros aspectos, evidentemente).

Um fato curioso é que uma das cidades onde existe a igreja Deísta é justamente a histórica (na literatura e nos filmes) Salen, que fica no estado de Massachussets, nos Estados Unidos.

Mas, chamo atenção novamente, antes de prosseguir, para uma importante compreensão sobre a palavra ‘Satan’. Qual sua origem?

‘Satan’ é uma composição hebraica de dois termos. O primeiro chama-se ‘Sat’ e vem do sânscrito, e, significa “existência mais do que pura”; o segundo chama-se “Tan” e também vêm do sânscrito, tendo o significado de “algo que está em processo constante de extensão, de evolução”.

Podemos continuar agora? Até então, não parece haver nenhum problema com a temática, tampouco com a sua interpretação.

III – O Satanismo Gótico: Uma Invenção da Igreja em Tempos de Inquisição

Em 1486, dois padres aparentemente dominicanos, escreveram um dos mais cruéis manuais de extermínio de todos os séculos: o “Malleus Maleficarum”, descrevendo que os que então eram tidos como satanistas góticos:

– Eram em sua maioria mulheres, por serem mais impressionáveis, perfídias, carnais e vingativas;
– Matam, enfeitiçam e induzem pragas em animais;
– Voam em vassouras à noite;
– Causam impotência, esterilidade, abortos e expulsão do feto;
– Bebem sangue das crianças que não foram batizadas e as comem;
– Matam ou amaldiçoam pessoas simplesmente ao olhar para elas;
– Quebram, batem, esfaqueiam ou pisam em crucifixos;
– Oferecem suas crianças a demônios;
– Colocam alfinentes em bonecos de cera feitoa à imagem das vítimas.

Imaginem o ódio que a sociedade passou a ter de todas as mulheres, especialmente àquelas que, de alguma forma, mostravam algumas dúvidas aos dogmas quase que obrigatórios a todas as comunidades, ou que, possuíam alguns dons espirituais mediúnicos, por exemplo.

E, para piorar o genocídio, em 1620 ainda foi escrito um segundo tratado, o “Compendium Maleficarum de Guazzo”, dizendo que os adoradores de Satanás:

– Voavam pelos ares com um cajado;
– Se besuntam com creme e óleos mágicos;
– Mudam de forma humana para a forma animal e vice-versa;
– Podem mudar o sexo de pessoas e animais;
– Juram obediência a Satanás, celebram, dançam, comem e bebem ao redor de fogueiras em louvor a Satanás, que comparece a estas celebrações na forma de um bode negro;
– Sufocam seus próprios bebês, cortam suas extremidades e cozinham seus troncos.

Novamente, a publicidade, o “mainstream” criado pela Igreja quase dizimou vilarejos inteiros, especialmente os que eram formados em sua maioria por mulheres. E, já deu para perceber de onde vem as idéias de séculos e séculos atrás, tão difundidas em filmes e canções (além de serem utilizadas na vida real por algumas seitas de fanáticos) sobre bodes, transformações na forma animal, sacrifício e devoração de corpos, poções mágicas, as maldições, os vodus, os rituais de oferendas humanas, entre outras? Pois é. Ela proliferou em grande escala graças aos próprios livros escritos pela Igreja!

Dito isso, uma pergunta, antes de chegarmos aos grupos musicais que hoje defendem o satanismo, é preciso ser feita: – As adorações envolvendo estes tipos de rituais inseridos nos livros escritos pela Igreja, não teriam inspirado algumas pessoas a segui-los, muito embora tais rituais já existissem há muitos séculos? Ou seja, não teria sido a Igreja a grande expandidora de mentes difundidoras de práticas ritualísticas, ligadas por ela ao Satanismo?

Pense bem. Por um instante, podemos entender que, a partir destas divisões feitas pelos homens, não seria difícil, também, que homens viessem a, a partir do termo Satanismo, criar suas próprias vertentes e versões, e, a partir daí, haver uma mistura entre rituais, crenças, cultos e seguimentos dentro da filosofia Satânica.

Todos nós sabemos que muitos seres humanos praticam rituais e utilizam, sim, sacrifícios, em prol de um Satanismo teísta tradicional, absorvido e ampliado pela humanidade. Estas práticas possuem seguidores. E as vítimas, em muitos momentos históricos, foram crianças, o que é lamentável e condenável, evidentemente. Mas trata-se de mentes absorvidas por uma cultura diferente de sua real concepção, e, transformada em algo macabro pelos próprios seres humanos. Mas, em oposição a esta crítica, sempre é preciso lembrar também que, cada imagem tem o significado que a sociedade lhe dá.

No caso de violência contra animais, por exemplo. Diariamente, escavadeiras adentram em criações de porcos, ainda vivos, erguem os filhotes em porções e atiram estas porções às máquinas de moagem, para produzir “carne de porco moída” para consumo humano. Diariamente, os matadouros abatem suas crias de forma covarde e cruel, sem piedade e pudor, tudo em nome do capitalismo e dos prazeres da gastronomia. A concepção visual para quem assiste, não é tão forte, do que se alguém lhe diz que aquele porco está a ter sua cabeça arrancada em virtude de um ritual satânico, onde seu sangue será derramado em um prato. Aí, de repente, tudo muda de figura, e, o então aceitador de toda e qualquer crueldade contra animais, passa a ser o julgador de tamanha “blasfêmia”, de acordo com seus princípios.

Existe uma evidente mistura, um sincretismo que faz com que até mesmo muitos praticantes mesclem alguns rituais com outros já estabelecidos em práticas de religiões antigas, algumas derivadas da África, outras da própria Europa. No Brasil não é diferente, e, é comum vermos praticantes de umbanda, quimbanda, entre outras ordens ritualísticas de temática africana, serem confundidos com Satanistas (existe uma diferença entre ambos, mas que convém não explanar tanto neste texto). Da mesma forma, nos Estados Unidos, muitas seitas surgem a partir de interpretações ritualísticas e passam a sedimentar as práticas de orgias sexuais infindáveis e demais formas de veneração. Isto é um poderoso elixir, na verdade, para o cinema, os livros, os contos e lendas, e, evidentemente, aos grupos de Black Metal, entre outros estilos.

Poderia entrar, aqui, também, no universo da quimbanda, mas não é minha intenção. Não gosto particularmente do que ela versa, nem das associações “teístas” (entre aspas) que, de certa forma, ela contém (foto), muito embora ela seja até mais antiga que o teísmo; mas não aprovo suas práticas. Então, não falarei sobre ela.

Prefiro falar mais, no capítulo a seguir, sobre a diferença entre o Satanismo e o Luciferianismo e, em seguida, a respeitos bandas e de suas associações com a filosofia do Satanismo.

IV – Satanismo e Luciferianismo: Diferenças

Lúcifer não é Satã. O Luciferianismo é derivado do já definido Satanismo Teísta ou Tradicional. Suas qualidades são: sabedoria, conhecimento, orgulho, liberdade, desejo, independência, iluminação.

Seria, para muitos, um aprimoramento do Satanismo. Isto é devido ao fato de que, para muitas pessoas, apesar do significado da palavra ‘Satan’ (aqui já definido) estar relacionado a uma evolução, uma transformação pura (o que obviamente, seria adversária da estabilização, do conformismo pregado por um Cristão teísta), e, com isto, o nome ‘Satan’ associa-se ao de Set (Deus do Egito), que significaria “Adversário”. Mas a adversidade, aí, tem a ver contra toda e qualquer forma de alienação que escravize o ser humano mentalmente e moralmente, e, está contida no Satanismo LaVey. O Satanismo Tradicional tem concepções, rituais e louvores que vão além do que prescreve o “Laveysmo”.

Alguns adeptos do Luciferianismo compreendem-no como sendo propriamente muito mais do que uma adversidade ao que é pregado pelas Igrejas em termos filosóficos (como já dito, no Satanismo mais moderno, o homem é o seu próprio Deus e sua própria realização, e, no Tradicional, o homem acredita em algo superior e o idolatra, a exemplo do que fazem as Igrejas, no sentido oposto), mas sim um aumento de culturas e de conhecimentos, sejam elas pagãs ou não.

Pessoalmente, entendo que ambos se colidem, pois o Satanismo LaVey, ao tratar da evolução humana para atingir sua felicidade/divindade, obviamente não estaria preso à idéia de simples satisfação de necessidades e livre-arbítrio, mas sim, à experimentação e adoção de outras culturas e conhecimentos. Corro o risco de ser contrariado por isto, de acordo com o que já foi escrito em diversos sites e livros, mas penso que existe uma concepção intrínseca dentro de LaVey que ainda pode ser mais explorada.

Mas, a maioria dos estudiosos de ambos os temas, muitas vezes, separa as duas correntes (Luciferianismo e Satanismo). Como eu disse e repito: pessoalmente, eu prefiro uni-las.

Para os Luciferianistas, vale lembrar, há quatro pilares essenciais a serem desenvolvidos por um indivíduo: da ciência, da filosofia, da religião e da arte, este último, também relacionado a “thelema”, que significa vontade, palavra famosa nos ditames da “Sociedade Alternativa” de Raul Seixas e Paulo Coelho, além de um famoso doutrinador que está presente na capa de um disco dos Beatles.

Pois bem. Feitas algumas explanações (a maioria delas trazida de pesquisas na própria internet), é hora de mergulharmos no conceito Satanista desenvolvido por alguns grupos de Black Metal atuais. Muitos nomes como SATYRICON, EMPEROR, DIMMU BORGIR, MAYHEM, BURZUM, GORGOROTH, BEHEMOTH, entre outros, são exemplos de adotarem discursos confusos sobre a direção filosófica que seguem, algumas vezes confundindo suas palavras com o Satanismo LaVey, mas utilizando letras e elementos que fazem apologia visual e mercadológica a rituais e sacrifícios, possessões e afins, diferindo entre a verdade do que acreditam e o que mostram, e, inserindo dentro desta ótica, o Satanismo Tradicional.

Não estou a dizer, evidentemente, que todos os grupos musicais do mundo devam seguir alguma corrente, mas, especificamente bandas de Black Metal costumam discursar (o que poderiam não fazer) sobre o Satanismo dentro de um contexto filosófico, e, contrariar, como dito, a si próprias, com suas próprias atitudes, utilizando um contexto mais tradicional e associado à religiosidade, para criar imagens, letras e videos que vem atingir diretamente a quem os ouve e assiste.

Melhor seria se a maioria ficasse quieta e apenas fizesse música. Mas, já que não ficam, vamos discorrer um pouco sobre o Black Metal diante da filosofia satânica. Não entrarei em menção ao VENOM, pois não é uma banda seguidora de correntes, mas sim, uma banda adorada por ser tida como das pioneiras do gênero, o que discordo totalmente (pois BLACK WIDOW, COVEN, PENTAGRAM e tantas outras bandas já aderiram ao tema, e, se dizem que o BLACK SABBATH é pioneiro do Heavy Metal, então as bandas citadas são muito mais pioneiras do que o VENOM na temática do que viria a ser o “Black Metal” – embora alguns associem as bandas que citei ao “occult rock”). Entendo que há um equívoco muito grande em confundir sonoridade musical com ideologia musical. Mas esta não é a intenção da matéria. O VENOM, enquanto banda gravou alguns discos com letras sobre paganismo, histórias satânicas do ponto de vista do Satanismo teísta (que poderia ser chamado por mim neste momento de teísmo pragmático-humano – mas prefiro não inventar nada além do já existente), e, alusões ritualísticas em seus shows também similares ao teísmo, mas sem propósitos filosóficos, e, sim, nitidamente direcionados a causar espanto, chocar. Se existe algo que o VENOM representa, na minha concepção, é apenas marketing. E, quem conhece e leu sobre a vida destes rapazes, bem sabem que eles não viviam em nada o que escreviam. E, distorciam o próprio conceito, quando diziam: “Não saio por aí assassinando virgens”, conforme CONRAD “CRONOS” LANT disse em matéria publicada aqui no whiplash.net (link abaixo), como se o Satanismo se resumisse a isto, o que é no mínimo, ridículo.
5000 acessosVenom: “Eu não saio por aí assassinando virgens”

V – O Satanismo Diante do Black Metal: Identidade ou Teatro? Ou Um Pouco de Ambos?

Não acredito no Satanismo defendido pelas bandas de Black Metal e estilos similares, como sendo associado à liberdade, amor, evolução. Há algo mais para além do que eles dizem.

Acredito sim, que estas bandas seguem parcialmente o Satanismo LaVey como filosofia a partir do conhecimento literário que adquirem, mas visualmente, querem chocar utilizando elementos do Satanismo Teísta em suas maquiagens e seus vídeos, onde sugerem rituais de sacrifício humano, possessão e sacrifício animal. E, alguns deles, realmente, aderem a certos tipos de rituais, embora exista uma séria dúvida de minha parte sobre a profundidade de alguns destes músicos (lembrando que profundidade aqui não está relacionada a um grau de medição de quem é mais Satanista, quem pratica rituais mais ou menos “pesados” dentro da concepção humana mais comum, e, sim, tem a ver com a verdade de suas almas e o mero apelo teatral, algo que questiono por meio deste texto, sem deixar de elogiar, claro, o trabalho destes músicos).

Existiram, dentro deste cenário musical, práticas associadas aos rituais em louvor ao Satanismo Tradicional. Mas isto não é novidade alguma. Antigos povos da era pré-Cristã sacrificavam animais e filhos em prol de grandes colheitas. O próprio Estado de Israel tem exemplos históricos a este respeito, e, nos ensinamentos bíblicos, há passagens a este respeito.

Nenhum povo está imune de ser condenado por matar outros animais e matar seres humanos. As grandes guerras que duraram por todos os milênios, travadas a sangue frio em prol do domínio de reinos, são exemplos da crueldade humana no seu mais alto limite. As seitas sincretistas africanas, algumas também europeias (antes da era Cristã) também sacrificavam animais e pessoas, é bem verdade, e, isto nem era chamado de Satanismo, mas continha elementos similares. Era então, próprio do ser humano, ser detentor de todos os elementos de cobiça, ira, maldade, inveja e destruição.

O amor ensinado por Cristo quando de sua passagem, era justamente o amor de morrer por alguém, e, não mais, matar alguém. Isto se aplicava aos soldados, aos vizinhos, aos antigos inimigos, e, também, aos adeptos dos sacrifícios em nome de colheitas fartas. Estranhamente, muitos dos que se dizem religiosos (padres, pastores, seguidores, leitores) se esquecem de mencionar estes sacrifícios humanos e de animais que eram feitos em plena era judaica e no extremo, como dito, na fase pré-Cristã. Evidentemente, para acobertar seus próprios interesses.

Adentramos agora, um pouco mais na identidade musical de alguns grupos/músicos do chamado Black Metal.

V.1. Queimar Igrejas e Matar Pessoas: Crimes Reais Praticados Por Músicos Versus Sensacionalismo e Perseguição Midiática

O teísmo excessivo e o anti-Cristianismo podem levar os seres humanos a cometer atrocidades, a partir de sua própria visão sobre os conceitos.

O líder da banda BURZUM, chamado VARG VIKERNES, é um bom exemplo a este respeito, dentro do que é divulgado sobre seus feitos. A própria whiplash.net já divulgou algo sobre ele: “Vikernes, o homem por trás da banda Burzum, passou 21 anos na cadeia – a sentença máxima na Noruega – pelo assassinato de Øystein Aarseth, conhecido como Euronymous, guitarrista da banda de black metal Mayhem. Vikernes, que também foi ligado à queima de quatro igrejas, foi posto em liberdade em maio de 2009”
5000 acessosVarg Vikernes: preso na França acusado de terrorismo

VIKERNES, em depoimento no próprio site da banda, disse: “Eu poderia argumentar que nunca fui um adorador do diabo, mas penso que é melhor simplesmente provar que a adoração do diabo é produto da imaginação dos judeus e cristãos. (…) Portanto, aquilo que os judeus e cristãos chamam de ‘Satanismo’ ou ‘adoração do diabo’ é, na realidade, nossa própria religião Européia! Meu interesse no assunto deve ser analisado sob essa óptica. Além disso, meu desejo adolescente de usar brevemente o termo ‘Satanista’ para descrever a mim mesmo também deve ser visto sob essa óptica. Mas eu nunca fui um ‘Satanista’, da mesma forma que nossos antepassados também nunca foram ‘Satanistas’. Eu sou e sempre fui um Pagão.”
5000 acessosA História do Burzum

Mormente, o paganismo não tem qualquer relação com a incitação ao ódio cristão e à queima de igrejas, tampouco à violência física. Evidentemente que VIKERNES era um jovem ainda, quando esteve relacionado a tais atos, e, foi condenado pelos mesmos. Mas, há uma diferença enorme entre o paganismo e tais práticas.

No que tange ao Paganismo, trata-se de um dos caminhos espirituais que, acredita-se, levam o ser humano à comunhão com os deuses e as divindades politeístas, antes da era cristã, ou seja, uma religião natural e étnica que representa a ancestralidade, a natureza. Entre muitas de suas correntes, estão: o Druidismo, o Reconstrucionismo Celta, Reconstrucionismo Egípcio, Reconstrucionismo Grego, Reconstrucionismo Romano, Romuva, Wicca, Bruxaria, Asatru e Vanatru.

É no mínimo estranho que alguém associado aos elementos da natureza, próximos, aliás, do Satanismo Deísta, como aqui descrito, venha desejar queimar igrejas, ferir pessoas, divulgar o racisco e o nazismo. Mas, não quero aqui entrar no âmago da dúvida se VIKERNES fez algo, ou se é racista e nazista (pois ele próprio defende-se das acusações em seu site), ou, se houve perseguição e direcionamento midiático contra ele nos tribunais, pois pode haver inúmeras interpretações a respeito. Quero apenas tentar entender o que realmente pretendem estes músicos que um dia se dizem pagãos, cometem atitudes e rituais anti-Cristãos e teístas, e, compõem em sua ficha vitalícia algumas associações que nada ajudam no sentido de aboná-los.

Continuando, temos o caso do músico BOBBY BEAUSOLEIL, ligado à conhecida seita norte-americana “Família MASON”, que no mundo real, manteve em cárcere privado por dois dias o também músico GARY HINMAN, até assassina-lo e escrever mensagens com a própria faca em seu corpo. Não, isto não é Satanismo LaVey. Isto é prática teísta distorcida e associada ao ódio ao ser humano, evidentemente, em virtude das doutrinas recriadas pela seita à qual o músico pertencia.

GAAHL, músico da banda GORGOROTH, se autoproclama um individualista (terminologia utilizada dentro do Satanismo LaVey), é também oposicionista do Cristianismo de forma explícita e prega atitudes relacionadas ao teísmo exagerado (que não tem nada a ver com o Satanismo LaVey). Perguntado sobre o ato de queimar igrejas, que ocorreu durante certo tempo na Noruega, ele declarou: “Enquanto a igreja representar o poder e opressão que possui, não devemos ver a Igreja com simpatia. Então eu não acho que isso será errado, se acontecer novamente, se alguém queimar as igrejas. O valor simbólico de queimar igrejas é importante”.
5000 acessosGaahl: “O valor simbólico de queimar igrejas é importante!”

Em GAAHL, temos uma manifestação declaradamente pungente do anti-Cristianismo, com requintes do Satanismo teísta e do Satanismo LaVey (embora este último, muito menos). Embora possam ser conjugados, estes três expoentes podem, muitas vezes, trazer confusão quanto à interpretação e os próprios atos de quem os assimila. De qualquer forma, a intenção de inserir GAAHL neste contexto foi mais para mostrar as diferentes vertentes implícitas dentro de um único ser humano. No tópico seguinte, falarei um pouco mais sobre GAAHL.

V.2. Os Rituais em Alusão ao Desejo da Carne e a Prática de Torturas: Quando a Realidade se Confunde Com a Mensagem

O livre-arbítrio exercido de modo a diagnosticar a vontade própria, a liberdade e a satisfação e o crescimento do ‘eu’ pessoal, de acordo com o Satanismo Tradicional, não é novidade. Assim, este livre-arbítrio de valorizar os seus desejos pessoais, evidentemente, procede de um seguimento de rituais e valorização de deuses.

Mas o teísmo e alguns rituais a ele associados (muitas vezes aprimorados pelo homem dentro dos milênios de história de outras seitas que acabaram por influenciar os membros do clero a escrever sobre isto nos dois tratados já mencionados aqui), se transformados em objeto de deturpação, podem causar inúmeros atos criminosos contra crianças, animais, sendo que alguns envolvem até mesmo, celebridades (como ocorreu no Brasil com uma jovem atriz de novela) e nos Estados Unidos com a esposa do diretor de cinema ROMAN POLANSKI, promovida pela “Família Mason”, já mencionada no subcapítulo anterior.

Este mesmo teísmo corroborado com o anti-Cristianismo, é difundido por GAAHL (líder do grupo de Black Metal GORGOROTH), que, também, ao mesmo tempo em que se proclama anti-Cristão, também associando a sua pessoa ao individualismo – palavra inclusive, difundida por ele em uma entrevista numa matéria própria daqui do whiplash.net.
5000 acessosGorgoroth: As orientações sexuais e políticas de Gaahl

GAAHL, aliás, foi preso sob a acusação de ter torturado um homem de 41 anos, tendo inclusive bebido seu sangue em um ritual. Muitos poderão pensar que trata-se de uma atitude individualista, dentro da ótica para a qual GAAHL se propõe viver, mas há um ser humano que foi ferido dentro da esfera por ele proposta, e, isto deve ser levado em consideração claramente, antes de qualquer defesa, muito embora a intenção aqui, não seja acusar ninguém de nada.

V.3. A Alusão Promovida Pelas Bandas de Black Metal a Rituais de Sacrifícios e Invocações e As Maquiagens Demoníacas: Teatro ou Verdade?

Convém trazer, também, um depoimento recente do músico NERGAL, da banda de Black Metal BEHEMOTH, que afirma que “Satanás é a figura mais incompreendida do mundo. Ele representa a verdade e o espírito do homem, a liberdade e a honestidade de quem somos. O Satanismo trata de vida e liberação e amor e liberdade. Eu tenho Satanás em mim, correndo por minhas veias e através de minha música”.
5000 acessosBehemoth: Satanás é vida, amor e liberdade, diz Nergal

O depoimento, à primeira vista, é lindo (no sentido associativo à terminologia do Satanismo). Diretamente ligado ao Satanismo Tradicional e de certa forma (ao menos na minha interpretação) ao LaVey também, NERGAL está a promover um discurso inteligente e certamente evoluído sobre a concepção do tema, mas obviamente recorre mais à imagem teísta (tradicional) para fazer alusão a sacrifícios (foto).

Por sinal, o videoclipe de sua banda também apresenta o Satanismo Tradicional (a começar pela alusão ao arcanjo GABRIEL no próprio título, ou seja, diretamente mergulhada no Satanismo teísta e trazendo apologia ao sacrifício humano, de animais e à possessão). Até aí, tudo dentro da concepção do tema. Mas, qual a verdade por detrás da banda? Uma verdade de crença e seguimento, ou uma simples jogada de marketing?

Vale também, aproveitando o momento crítico aqui desenvolvido, revisitarmos os clássicos depoimentos de DIMMU BIRGIR, EMPEROR e MARDUK, e, seu discurso acerca de que (em termos gerais, nos depoimentos das três bandas) “o ponto máximo do Satanismo é o desprendimento total do indivíduo de todos os conceitos morais e obrigações exteriores, a liberdade total da mente e do corpo”.

A princípio, este discurso também representa uma filosofia muito bem inserida a respeito do tema. Um pouco mais além do discurso supracitado, os vídeos destas bandas apostam na imagem mais ligada ao Satanismo Tradicional, com maquiagens que imitam demônios, imagens com altares, mulheres banhadas em sangue, símbolo do Satanismo teísta e a própria figura do bode encarnado ao humano, além de homens com rostos em putrefação.

Pergunta: Ideologia ou puro teatro? Sinceramente, uma pergunta que pode obter muitas respostas, de acordo com cada leitor, de acordo com sua admiração pela banda, de acordo com sua defesa a partir de cada músico. Não quero aqui entrar em confronto com ninguém sobre o tema. Mas, será possível mesmo, conceber uma verdade absoluta sobre o ideal destes músicos?

Não tenho dúvidas de que são inteligentes e que lêem muito a respeito. Mas, qual é o ponto de partida e de chegada para a maioria destes? Embora isto possa parecer sem significado, pois o que importa é o som que a banda faz, ainda ouso questionar um pouco, mundindo-me desta linha de pensamento a respeito da real identidade de suas crenças. É um apontamento puramente meu, que pode não interessar a ninguém, mas, insisto em colocar nesta matéria.

É sempre bom lembrar que muitos destes músicos contradizem-sse demais em seus depoimentos. O grupo DIMMU BORGIR declarou, por meio de seu guitarrista SILENOZ: “Em termos de ideologia, somos mais Black Metal do que todas as bandas que se autodenominam Black Metal juntas. (…) A melhor forma de nos definir é como uma banda satânica”.
5000 acessosDimmu Borgir: “somos uma banda satânica”

E, em seguida, o mesmo DIMMU BORGIR disse, através de seu vocalista STIAN THORESEN: “Apesar de suas musicas pesadas e sons agressivos, o Dimmu Borgir não é uma banda satânica. A mídia fala demais”.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dimmu_Borgir

Quem são estas pessoas e suas bandas? O que querem trazer de verdade e de marketing? Qual o consenso e o dissenso que ambos pretendem atingir? Não seria mais interessante que fizessem música e evitassem falar sobre os temas, visto que suas letras diriam muito mais do que eles próprios nos seus depoimentos? Não teria o Black Metal se tornado apenas mais uma face das muitas associadas à música, para, de alguma forma, causar enriquecimento às gravadoras? Evidentemente que sim, e, esta é minha opinião, nas questões que aqui fomentei!

Chegamos então, ao grupo MAYHEM, mais ligado mesmo ao Satanismo teísta, com referências ao anti-Cristianismo. Mas, com o decorrer dos tempos, já em um de seus últimos trabalhos, intitulado “Ordo Ad Chao”, o vocalista ATTILA CSIHAR declarou:

“Queríamos por de lado a religião e letras satanistas e nos colocar em temas filosóficos, a conexão da vida com a natureza”.

Estranho ler um discurso destes, e, ver esta mesma pessoa utilizar restos humanos no palco em concertos na França, e, cabeças de porcos e ovelhas empaladas em lanças, a exemplo do GORGOROTH, que utilizava mulheres crucificadas e cabeças de animais (ovelhas) enfiadas em estacas, e, litros e litros de sangue animal pelo palco. São rituais? São incitações? Sem dúvida, são formas de manifestação teísta através da música. Mas, a que ponto isto é real ou teatro? E, que fique bem claro que isto é apenas uma pergunta, que quero deixar aqui para que cada um dos leitores tenha a sua própria resposta, sem deixar-se levar pela adoração às bandas, e, consequentemente, à defesa em ato-reflexo dos músicos.

O MAYHEM, evidentemente, também passou por perdas sérias, entre elas, o já citado assassinato de EURONYMOUS e o aparente suicídio do baterista DEAD. O suicídio como meta e a degradação e autoflagelação humana (DEAD costumava cortar-se com cacos de vidro), aliás, dentro das vertentes do próprio Satanismo teísta (que, como eu disse, podem ser desenvolvidas por humanos de modo a criar novas e alternativas cultuações), pode realmente influenciar os seres humanos, e, o MAYHEM é prova viva disto.

Suas atitudes para com as igrejas na Noruega, na época em que estavam ligados ao movimento “Inner Circle”, conduziu o grupo ao posto de adoração em todo o mundo, e, à conceituação como uma das bandas mais “satânicas” entre todas.

Marketing? Ou não? Banda mais “satânica”? Por quê? Qual o grau de acentuação e mensuração para entender algo como mais ou menos “satânico”?

Aproveitando: vamos falar um pouco mais sobre maquiagens e sacrifícios?

Não é preciso ir muito longe para discorrer este item. O grupo de Black Metal SATYRICON compôs uma epopéia de muito boa qualidade, a amada “Mother North”. Uma grande canção, diga-se de passagem, que fica melhor se acompanhada pelo video (deixando de lado aqui, qualquer sentimento pessoal de gosto ou alegria pelas cenas, mas vejo este video como um filme de terror patrocinado pelos antigos estúdios da HAMMER, numa época em que CHRISTOPHER LEE fazia rituais com belas moças e VINCENT PRICE assumia o papel de personagens macabros).

Uma vez mais, o discurso de seus músicos traz referências ao Satanismo como liberdade de expressão e desprendimento de qualquer dogmatismo religioso. Porém, o vídeo é mais teísta, trazendo alusão ao sacrifício, já discutida no item anterior, e, emblematizando os músicos com maquiagens que fazem menção a demônios teístas.

Por último, quero lembrar o BELPHEGOR, que diz ter lançado um álbum para cumprir “pacto luciferiano” no ano de 2011.
5000 acessosBelphegor: álbum relançado para cumprir pacto Luciferiano.

Bom, o Luciferianismo já aqui explicado abrange quatro prismas de conhecimento, e, provavelmente, se a banda realmente está informada sobre o que vem a ser o seu pacto, ela utilizou o prisma da arte, para crescimento individual e aprimoramento da sua condição de ser humano. Qualquer outra alusão ao termo, pode deixar a impressão de que não passa de puro marketing (embora talvez a intenção dos músicos seja verdadeira e séria). Não estou afirmando nada, estou apenas a dizer que “pode deixar a impressão de puro marketing”. É a minha opinião, e, que, se for rebatida, que seja levado em conta por quem a rebate não a mera suposição de que os músicos sabem o que fazem, já que eu também não posso afirmar com certeza sobre isto, e, portanto, deixo a minha opinião a respeito do tema, apenas.

E assim, entre belos discursos e provocações, imagens fortes e incitações em seus vídeos, as bandas de Black Metal, em geral, continuam a tentar, de alguma forma, manter acesa a chama e a essência de suas crenças e do próprio movimento. Mas, qual delas realmente estaria implicada cem por cento no que escreve, canta e exibe diante de seus fãs? Ainda creio que é uma pergunta um tanto quanto difícil de responder com certeza, mesmo que tenhamos acesso a todas as biografias destas bandas, todos os depoimentos, etc, etc, etc.

Não os culpo, porque entendo que, qualquer pessoa que tenha coragem de lançar-se no mercado da música e arriscar criar seus temas, suas canções, arriscar-se a mostrar seu rosto e receber críticas e aplausos ao mesmo tempo, merece respeito. Muitos de nós, leitores da whiplash, somos na verdade, músicos frustrados. E, estas bandas, ao menos, tiveram coragem para desafiar preconceitos e fronteiras. Eles merecem, portanto e repito, o meu respeito.

Mas o fato é que a verdadeira filosofia, de acordo com o que muitos seguidores destes grupos esperam, parece não existir propriamente em todos os seus músicos e bandas. Muitos poderão perguntar: e daí? Daí que, infelizmente, muitos dos seguidores acabam por transformar em práticas reais e doentias o que eles próprios (músicos) sugerem em seus vídeos, porque a interpretação dos seres humanos a partir de um conceito visual é muito, muito perigosa. Fora isso, o importante do Black Metal, enquanto movimento, é o seu louvável mergulho para além do chamado senso comum.

V.4. Novidades no Abismo: Os Iluminados do “Occult Rock” e Alguns Bons Representantes do Black, Doom, Industrial e Folk Com Temáticas Satânicas e Pagãs.

Importante esclarecer que a minha intenção é não separar o “occult rock” da temática satânica, pois utilizo as letras, os vídeos e imagens, como elementos para chegar a esta conclusão, na maioria das bandas que aqui serão apresentadas. Vamos então, prosseguir com a apresentação.

Uma banda que discorre sobre o Satanismo teísta um tanto e ao anti-Cristianismo, queimação de igrejas, juízo final, entre outros temas (de acordo com suas letras), e, faz uma sonoridade que mistura um metal industrial com o eletrônico é a “THE ELETRIC HELLFIRE CLUB”.

Quem quiser conhecer um pouco mais de sua sonoridade, eis um bom exemplo, que, se tocar em qualquer discoteca noturna, passará despercebido entre os ouvintes e lembrará fusões já concebidas por ROB ZOMBIE e alguns ícones do gênero.

Outra banda que merece destaque dentro do conceito é o “THE DEVIL’S BLOOD”, que faz um hard rock progressivo com elementos satânicos da melhor qualidade.

São bandas como o “THE DEVIL’S BLOOD” que agregam mais filosofia e sentimento em suas letras, do que propriamente muitas bandas do chamado Black Metal. Pesoalmente, eu adoro a sonoridade desta banda.

O recente grupo PURSON também pode ser agraciado dentro desta cena, com grandes letras e musicalidade vertida ao progressivo e ao “occult-rock” dos grandes expoentes como COVEN, PENTAGRAM, BLACK WIDOW, entre tantos. Já os elegi entre os melhores lançamentos do ano de 2013, pois gostei muito de sua música.

Outros grupos ligados ao “occult rock”, traduzem muito mais a identidade e a filosofia a que se pretendem, do que propriamente muitas bandas do Black Metal aqui mencionadas. Além dos exemplos já citados, temos:

BLOOD CEREMONY, com sua sonoridade psicodélica progressiva acompanhada pela bela voz de ALIA O’BRIEN, além de letras bem centradas na temática aqui discutida.

BLOODY HAMMERS, com uma sonoridade extremamente setentista e fantástica, mesclada ao gothic, com letras sobre Satanismo teísta, símbolos, pentagramas, espíritos, entre outros temas. Bela banda.

WITCHING ALTAR, banda brasileira, oriunda de Recife, com uma sonoridade cadenciada com fortes riffs e variações musicais, vocalização com ecos que lembram até mesmo, filmes ocultos e vozes soturnas, associam-se ao Doom Metal, e, trazem elementos muito bem associados ao Satanismo algumas vezes Deísta, outras vezes Teísta.

ORCHID, banda muito influenciada pelo BLACK SABBATH inicial, trabalha com a temática Deísta e Teísta, galdada por uma musicalidade impressionante. Quem ouviu o KADAVAR, banda por mim apresentada em uma matéria recente, irá certamente adorar o trabalho destes norte-americanos.

HEXVESSEL, com temas voltados extremamente ao paganismo, e, em alguns momentos, ao Deísmo, trazem um folk com elementos lisérgicos, que, se misturados a imagens associadas à natureza e rituais pagãos, podem empolgar a alma dos admiradores e curiosos. Possuem um belo trabalho de vocalização e melodia.

Outras bandas também surgem dentro da linha mais relacionada ao Satanismo puro, e, ao Black Metal aqui discutido com mais ênfase. São elas: DISSECTION e WATAIN, com temática acerca de venerações e louvores dentro da concepção ao qual pretendem se encaixar.

JESS AND THE ANCIENT ONES, banda que trabalha com elementos pagãos e deístas, e, utiliza símbolos e letras sobre cosmologia, rituais sabáticos, espiritualidade, entre outros temas. Destaque para a belíssima voz e o carisma de sua vocalista JESS. A sonoridade também navega pelo progressivo com elementos de kraut.

Gostaria, também, de destacar o trabalho desenvolvido pelo grupo de Black Metal THY LIGHT, pela atmosfera e pelas letras absolutamente alarmantes, beirando o gótico e o depressivo, o ultraromantismo (referindo-me ao movimento dos poetas depressivos sem, claro, fazer clichês ao tema) em referência à morte. É uma banda brasileira, todos já sabem, e, muito especial em termos de qualidade. Vejamos a letra de “A Crawling Worm In a World Of Lies”:

“Desolado, eu apenas observo o caminho que percorri até aqui chegar
Tudo em vão, recompensa alguma far-me-á novamente erguer minha cabeça
Amarga foi minha derrota, eu vejo o firmamento coberto pela fumaça cinza
Que meus olhos jamais foram capazes de suportar
Na decadente realidade,
Eu sou apenas um verme que rasteja num mundo de mentiras”.

Em mais um de seus soturnos momentos, agora, com a canção “In My Last Morning”:

“Os ponteiros do relógio dobram-se. Em meu peito,
Sinto pulsar toda a agonia de mais um dia neste mundo de escuridão.
Através de minhas narinas, percorre o cheiro de minha própria morte impressa no firmamento cinzento de um domingo.
Eu mato a mim mesmo, leve minha vida…
Em meu último pranto, eu percebi: eu sempre fui o nada que eu temia me tornar.”

O inconformismo, a adversidade em relação ao mundo da forma como ele é, assemelha-se muito ao gótico, por assim dizer. A opção da morte em relação à vida, permeando de beleza o mundo para além dos vivos, é uma opção, uma liberdade de escolha que muitos Satanistas adotam, dentro de uma própria corrente que faz menção, até mesmo, ao suicídio. São poucos, mas existem. Alguns leitores mais contínuos de sites e blogs, livros e enciclopédias a respeito da temática satânica, poderão discordar do que aqui digo com relação à existência desta opção de adversidade existencial ao mundo Cristão, e, adoção da temática depressiva e até mesmo, da idolatria à morte. Mas, é um conceito livre que adoto, e, ouso aqui colocar, e, que pode ser transformado livremente em debate construtivo, se assim desejarem os amigos leitores, nos próprios comentários. Eu disse: debate construtivo.

E atenção: Não quero aqui dizer que a banda THY LIGHT adota qualquer corrente de Satanismo, pois eles refletem na verdade o puro descontentamento, como dito, em relação à humanidade. Mas eles seriam um bom exemplo de uma referência ao Satanismo como inconformismo e não utilização de pragmatismos, dogmas, imposições, adorações, mas, sim, de adversidade para com o todo, o planeta chamado Terra.

Ainda que por ventura não fosse a intenção do THY LIGHT (e se foi, estão de parabéns), se eles assim entendessem que suas canções poderiam abraçar ao Satanismo dentro da ótica aqui sugerida, teriam conseguido perfeitamente o objetivo, com a agravante positiva do fatalismo, da desesperança (sem clichê algum) como solução, pois como eu disse, há uma vertente dentro do Satanismo que discorre sobre esta opção de descontentamento mundano, pura e simplesmente.

VI – Conclusão

A maior de todas as verdades está no coração de quem ouve música e de quem a compõe. É evidente que os grupos, os grandes criadores das canções e suas epopéias por detrás de cada melodia, em dados momentos de suas vidas, seguem a música por ideologia, filosofia, amor.

Porém, com o decorrer do tempo, esta ideologia acaba por ser digerida e explorada por outros ditames empresariais. E a chamada voz da sobrevivência vence, ao final, toda e qualquer filosofia. Ou não? Quem poderá responder isto serão as bandas aderentes ao movimento Black Metal no futuro, e, os leitores mais incisivos que, de alguma forma, também puderem contribuir com textos sobre religiões, filosofias, vertentes e afins.

De minha parte, parabenizo também as novas vertentes do “occult rock”, muito mais associadas e centradas em suas crenças e sua filosofia, e, transformando a arte em um dos elementos necessários para traduzir a sua alma, a sua veneração espiritual para com o mundo que enxergam.

Claro, não poderia deixar de prestar meus sinceros agradecimentos aos sites e blogs pesquisados:

– The Neo-Luciferian Church (http://www.neoluciferianchurch.dk/);
– Allenozth (http://allenozth.blogspot.com.br/);
– Associação Portuguesa de Satanismo (http://www.apsatanismo.org/) e sua publicação “Infernus”;
– Morte Súbita (http://www.mortesubita.org/).
– Ixaxaar (http://www.ixaxaar.com/index2.html)

Sem estes, seria impossível desenvolver esta matéria para além dos conhecimentos que eu possuo sobre o tema.

E, à própria whiplash.net, que já apresentou algumas destas novas bandas em outras matérias, e, constantemente tem trazido discussões e afirmações dos músicos de Black Metal aqui mencionados, que foram importantes para elaboração deste texto.

Obrigado, por fim, a todos que tiveram a oportunidade de ler o texto e poderão debater, se quiserem, sobre o mesmo. E, por favor, leiam este texto, desprovidos de preconceitos e deixando de lado a adoração por algumas destas bandas de Black Metal, pois a intenção minha não é critica-las e nem a seus músicos, e, sim, redigir um texto que pretende informar os dois lados da mesma moeda a partir do que dizem e vivem os próprios integrantes destas bandas, bem como as diferentes vertentes de uma filosofia, e, os contrastes provocados pela humanidade (no universo da música e na própria história dos povos).

No mais, que a paz esteja em todos os corações.

Olhos Azuis – Documentário – Jane Elliott

Olhos azuis é um documentário sobre as experiências da professora e socióloga Jane Elliott sobre racismo e discriminação. Acompanhamos a aplicação de um dos workshops da professora sobre racismo para adultos, objetivo é colocar pessoas de olhos azuis na pele de uma pessoa negra por um dia, na verdade, somente por 2 horas… Para isso, ela rotula as pessoas baseando-se apenas na cor de seus olhos, com todos os rótulos negativos e preconceituosos usados tão cotidianamente contra mulheres, negros, homossexuais, pessoas com deficiências físicas e todas aquelas que de alguma forma não participam do padrão de “normalidade” vigente… Um ótimo documentário sobre racismo e discriminação, que evidencia questões importantes como, por exemplo, a construção social do papel do opressor e o quanto essa construção, de certa forma, é coletiva já que depende do silêncio de muitos para existir e se perpetuar…
Direção: Bertram Verhaag | Roteiro: Jane Elliott | Ano: 1996 | Duração: 1h e 33min.

 

Outras indicações do mesmo blog:

https://filosofandoporaiblog.wordpress.com/2016/11/18/nietzsche-bibliografia-em-pdf/

https://filosofandoporaiblog.wordpress.com/2016/11/19/10-filmes-sobre-a-historia-da-filosofia/

https://filosofandoporaiblog.wordpress.com/2017/02/14/nietzsche-vai-ao-cinema-10-filmes-influenciados-pela-filosofia-de-friedrich-nietzsche-eo-inspirados-em-sua-vida/

https://filosofandoporaiblog.wordpress.com/2017/02/16/os-pensadores-colecao-completa-55-livros-para-download/

 

 

 

A Filosofia enquanto estudos e práticas

Silvio Ricardo Gomes Carneiro
Prof. de Filosofia da UFABC
Coordenador do GT Filosofar e Ensinar a Filosofar

É com apelo de urgência que remeto à comunidade da ANPOF estas palavras. Pois a Filosofia ganha novas cores com o último texto aprovado da reforma do Ensino Médio, a Medida Provisória 743/2016, atualmente encaminhada para votação ao Senado no Projeto de Lei de Conversão 34/2016 (PLV 34/2016).

No novo texto, o art. 3º recebe o §2º que afirma: “A Base Nacional Comum Curricular referente ao ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de educação física, arte, sociologia e filosofia”.

Com isso, pretende-se recuperar o componente da Filosofia (e das demais áreas citadas) na reforma do Ensino Médio, mas sob a marca da “obrigatoriedade” de seus “estudos e práticas”. Uma nova coloração, pois reconhece a importância da filosofia para a formação dos estudantes secundaristas, não mais enquanto “disciplina obrigatória”, e sim enquanto “estudos e práticas”.

Tal estatuto só pode ser compreendido à luz da arquitetura curricular que se traça no PLV 34/2016.

A lei. Ora, a lei…

O primeiro passo a se entender é a inversão dos fatores legais. Praticamente, os princípios regimentais que orientavam a Lei de Diretrizes e Bases de 1996 (LDB), como a formação cidadã e cultural das novas gerações, passa a ser reduzida à medida de uma Base Nacional Curricular Comum (BNCC). É verdade que já na LDB/1996, o art. 26 já previa a necessidade de uma BNCC a ser complementada em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar. Além disso, como resultado de discussão da última CONAE (Conferência Nacional de Educação), o Plano Nacional de Educação estabelece em sua estratégia 7.1 a implementação de uma BNCC “com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos(as) alunos(as) para cada ano do ensino fundamental e médio, respeitada a diversidade regional, estadual e local” (BRASIL, Lei 13005/2014).

Desde então, muita água rolou por debaixo das “pontes para o futuro”. A pátria educadora seria revista pela ordem e pelo progresso. Após o impeachment, a nova secretaria executiva decretou rapidamente um comitê gestor da BNCC e da Reforma do Ensino Médio (Portaria do MEC 790/2016). Por decreto e sem nenhum diálogo, retira todo o texto do Ensino Médio levado à consulta pública sob o pretexto de uma revisão de seu conteúdo sob a necessidade de uma reforma. Movimento a que poucos de nós estivemos atentos; movimento anterior que, por si só, tornaria questionável o caráter de urgência e de emergência que, alguns meses mais tarde, se apresenta na MP 743/2016, lançada alguns meses depois; movimento que faz questionar se a “urgência” de tal medida já não estava previamente planejada por trás do palco, nos primeiros dias de reorganização do MEC.

Retirando o debate jurídico sobre a legitimidade da MP por uma crise descrita unilateralmente, voltemos ao que nos interessa aqui: a inversão que confere força de lei a uma peça que deveria ser regulamentada por toda uma rede de princípios que faz da educação um direito social. No novo texto que altera a LDB, o documento da BNCC ganha um protagonismo sem precedentes. Regulamenta não apenas os componentes curriculares, como também as licenciaturas, conforme notamos no artigo supracitado, bem como no Art. 7º, § 8º da atual PLV 34/2016. Sem falar no protagonismo que organiza processos nacionais de avaliação, conforme previsto no Art. 35, §5º, que estipula a BNCC como referência para tais processos nacionais de avaliação.

Tais movimentos não destituem, claro, a LDB de sua função diretiva e de princípios. Mas, no frigir dos ovos, basta acompanhar as políticas de educação para saber o que tais alterações na LDB significam. Não raro, os representantes da Secretaria Executiva do MEC justificavam que a Filosofia estaria presente na matriz curricular das escolas junto ao que se referenda na BNCC.

Uma vez compreendida a importância da BNCC na recomposição da Filosofia e da Sociologia e, sobretudo, compreendido o modo como estas disciplinas foram pensadas a partir de um comitê gestor fundado pela portaria do MEC em 28 de julho de 2016, podemos pensar um pouco mais sobre o que significa a presença da Filosofia enquanto “estudos e práticas” previsto na PLV 34/2016. Tudo depende do que será decidido pelo petit comité do Comitê Gestor criado pelo MEC, cuja voz não leva em conta o amplo debate formado previamente e que, no caso da Filosofia, gerou um currículo aberto para os 3 anos do Ensino Médio no documento levado à consulta, antes da intervenção do atual MEC.

Articulemos aqui um segundo passo, que visa o encontro da matriz filosófica com um ensino médio dividido por áreas de conhecimento.

Estudos e práticas na arquitetura do Ensino Médio reformado.

Dentre as idas e vindas da MP para a votação, é preciso acrescentar dois elementos para tal arquitetura da reforma. Primeiramente, a antiga BNCC previa um curso de Filosofia para 3 anos. Com a reforma este projeto será reduzido pela metade. O esforço para o retorno da disciplina filosófica aparece em grande parte das 586 emendas parlamentares – número que, por si só torna questionável a reforma do Ensino Médio por uma medida provisória. O resultado final foi inserir o parágrafo que reconhece a obrigatoriedade de seus “estudos e práticas”.

Cabe questionar: como será feita a redução pela metade da matriz filosófica? Como o petit comité de gestores do MEC está articulando isso?  Há um silêncio aterrador por parte do MEC. O movimento de ruptura com o processo anterior é notável.

O impacto de tal arbitrariedade é imenso, gerando bizarrices curriculares nas redes pública e privada de ensino que, na tentativa de antecipar o próximo passo, ora reduziu a carga horária das disciplinas, ora levou à criatividade vazia e econômica no corte de inúmeros professores de filosofia e sociologia, tornados aparentemente dispensáveis para a nova matriz curricular que se anuncia. Não são poucos os relatos de professores do ensino médio a respeito de tal impacto. Disciplinas que se mesclam, inseguranças nas contratações, arbitrariedades curriculares por parte dos coordenadores pedagógicos – um movimento previsível quando mudanças de tal envergadura chegam aos trotes do decreto.

A Filosofia nas ciências humanas e sociais aplicadas

Um segundo elemento vem da nova configuração das áreas de conhecimento. Sem muitas justificativas no seu relatório, o senador Pedro Chaves altera a nomenclatura das ênfases. Outrora repartidas entre linguagens, matemática, ciências naturais, ciências humanas e formação técnica profissional, agora tais áreas recuperam aparentemente uma articulação já conhecida nos documentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Respectivamente, as áreas de conhecimento passam a se chamar: linguagens e suas tecnologias, matemáticas e suas tecnologias, ciências naturais e suas tecnologias, ciências humanas e sociais aplicadas e, sintomaticamente sem alterações, formação técnica e profissional.

É preciso questionar o destino das ciências humanas nesse percurso. Por que não operar, como nas demais áreas um vínculo com as tecnologias – na hipótese de que tal relação teria como base os PCN? Compreender a filosofia no corpo das “ciências humanas e sociais aplicadas” passa a configurá-la de modo bem diverso de suas inúmeras possibilidades. Já é questionável afastar a Filosofia da linguagem, da matemática, das ciências naturais e do mundo do trabalho. Ao compreendê-la no escaninho das “ciências humanas e sociais aplicadas”, qual valor de conhecimento passa a receber seus “estudos e práticas”?

Na arquitetura reformada do ensino médio, o significado da obrigatoriedade dos “estudos e práticas” da Filosofia (bem como dos demais conteúdos curriculares presentes nesta artimanha legal) é seu esvaziamento na formação estudantil. O decreto simplesmente retira do horizonte os anos de debate que consideram a Filosofia disciplina fundamental para a formação cidadã, algo presente nas manifestações de algumas emendas parlamentares, muitas delas sustentadas pelo Parecer CNE/CEB nº 38/2006 que recomenda a obrigatoriedade da disciplina na matriz escolar, uma vez que se trata do valor “para um processo educacional consistente e de qualidade na formação humanística de jovens que se deseja sejam cidadãos éticos, críticos, sujeitos e protagonistas”.

Além disso, se o objetivo do MEC fosse realmente estabelecer o protagonismo juvenil, bastaria fornecer as ferramentas para isso. A Filosofia não é exclusiva, mas é uma delas.  O desprezo da matéria enquanto “estudos e práticas” corresponde ao modo como muitos pretendem resolver a crise da educação: um pretenso protagonismo pelo consumo de um cardápio curricular.

Organiza-se, então, uma arquitetura perversa de ensino, pautada pelo cardápio de conteúdos, fragmentados em uma falsa flexibilidade (sem retrocessos na escolha feita pelo estudante) e mensurados pelo desempenho de alunos e professores a partir de uma prova nacional. Fórmula já testada e levada à críticas em muitos países modelos, como os EUA, cujos índices não são exemplares sequer no rankeamento de testes como o PISA. Com efeito, como havia mencionado, trata-se de uma reforma sem princípios, resumida às metas que fazem da escola uma formação pelas sombras de conhecimento projetadas na caverna.

Eis, pois, o significado da obrigatoriedade dos “estudos e práticas” da Filosofia: uma forma vazia de discurso contrária a toda força da dúvida, da real flexibilidade que opera a educação de um sujeito em suas questões para além das metas inalcançáveis de um delírio burocrático.

Toda esta matéria será decidida sem o devido cuidado, sem a atenção com a comunidade de pesquisadores e de professores de Filosofia. O Senado já anunciou a votação da PLV 34/2016 como sua prioridade, correndo contra o tempo, pois o prazo de validade da MP é 02 de março. Uma pressa sem sentido, uma pressa que silencia, uma pressa que apenas repete a fugacidade das mudanças em educação, e basta acompanhar a história da educação no Brasil para saber os efeitos nefastos da redução do direito social à educação à forma-mercadoria de todos pela educação.

A despeito disso, sabemos que quase uma década de obrigatoriedade da Filosofia (e demais disciplinas) na matriz escolar fez a diferença. Pensar a partir daí viabiliza uma revolução na educação, talvez o maior temor de quem está silenciando as vozes da educação por decreto.

O episódio mais recente da questão sobre o Esclarecimento em Kant na redação da FUVEST é um indício bem-vindo da importância do debate filosófico na formação. Não apenas por evidenciar a importância de conteúdos filosóficos para a formação de nossos estudantes, mas para gerar um diálogo entre gerações – frequente nas salas de aula de Filosofia –. Perguntar se o “homem” (sic) saiu da menoridade na dissertação dessa avaliação (dado o lugar, ainda que questionável, da redação nos vestibulares) demonstra o quanto a disciplina da Filosofia deve ser preservada e não silenciada sob a forma vazia de “estudos e práticas”. Esta questão avalia o candidato em suas habilidades argumentativas, mas lhe permite expressar suas perspectivas sobre a humanidade. Diga-se de passagem, exercício representativo do ensino de Filosofia no cotidiano de muitas salas de aula. Algo que não interessa à reforma de gabinete.

 

ANPOF (2017-2018)

Eu? Invertido?…

Lendo uma matéria em um blog que falava sobre a produção de uma novela que será lançada em meados do ano que vem, fiquei pensando sobre o que estava sendo noticiado; a vilã Nazaré Tedesco, que já tinha sido personagem de outra novela tempos atrás, estará de volta. Uma novela ou programa televiso qualquer não vai ao “ar” sem antes se ter conhecimento de resultados de pesquisas que demonstrem a opinião do público, para exibirem o que está de acordo com o gosto popular e assim obterem audiência.

O que assusta é que se Nazaré Tedesco, uma cruel vilã , está de volta , deve ter muita gente com saudades e ser do agrado de grande parte da população. A personagem representa a inversão da moralidade, justiça, verdade e outros valores ensinados nas escolas , igrejas, famílias tradicionais entre outras instituições . Será que estamos nos identificando mais com o vilão do que com o herói? Será que eu, você e a sociedade em geral estamos invertidos moralmente , e nem nos damos conta disso? Afinal estamos entorpecidos, com preocupações do que será o amanhã e lembranças do passado que não volta mais. Peraí! A Nazaré volta, resta saber quem será a próxima vítima a rolar escada abaixo, estilo de matar da Nazaré Tedesco. Será uma empresa? Um político? Jogador de futebol? Sacerdote da igreja logo na esquina? Um ator até tradicional, pegos no emaranhado da Lava Jato?  Talvez Nazaré esteja desatualizada e não se empurre mais de escadas, e sim derrubem aviões. Vai saber né? Vamos é aguardar a próxima novela quietinhos em nossa poltrona enquanto a próxima vítima pode ser quem nós menos esperamos ou estaríamos nesta lista negra também?

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Meu Amigo Nietzsche (2012)

NIETZSCHE: Filósofo Alemão do Século 19.
LUCAS: Estudante Brasileiro do Século 21.
O improvável encontro entre os dois será o começo de uma violenta revolução
dentro da mente de um garoto, de uma família e de uma sociedade.
Ao final ele não será mais um menino, será uma dinamite!

Duração: 15 minutos

https://filmow.com/meu-amigo-nietzsche-t70932/

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In A Sentimental Mood – Duke Ellington

 

Essa música é a responsável pela minha paixão pelo Jazz, quando a ouvi pela primeira vez me veio vários sentimentos, uma tristeza alegre (ou seria uma felicidade triste?), melancolia, me veio um sentimento de nostalgia como seu eu tivesse vivido naqueles tempos, vários sentimentos que eu nem sei descrever, enfim, hoje ainda sinto isso toda vez que ouço essa música.

https://www.letras.mus.br/duke-ellington/524527/

Ron Carter

“Técnica, domínio de palco e do instrumento, elegância, sutileza, um som claro e limpo, puro, uma música para ser degustada, ser apreciada, ser sentida, alguns fechavam os olhos e se deixavam levar pela beleza daquele som, outros não desgrudavam os olhos dos músicos temendo perder algum segundo, cervejas eram esquecidas no copo, vinhos adormeciam com aquele som inebriante, ninguém se importava com o sanduíche que vinha ao chão enquanto seu ex-dono abismado assistia boquiaberto o que Mr. Carter improvisava, brincava, tirava gargalhadas de seus próprios músicos com as brincadeiras que fazia no baixo, surpreendia-os, e chega o fim, parecia que tinha passado apenas alguns minutos, a vontade era sair comprar mais um ingresso e voltar para a segunda sessão, sai as ruas ainda embriagado pelo som, só me dei conta do que tinha presenciado quando acordei no dia seguinte.”

 

 

 

 

 

 

 

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